sexta-feira, 27 de maio de 2016

Aos Familiares, com Carinho

Dia desses, numa conversa um tanto controversa, fui acusada de falar besteiras com relação ao estupro, a cultura do estupro e as estatísticas de violência contra a mulher, e que meu feminismo não é necessário, que o mundo tá muito que bom e que é "só as mulheres se cuidarem que isso pode ser evitado".
Pois muito que bem. Vou dar minha contribuição para as pessoas com quem tive este "debate" e depois prometi a mim mesma que nunca mais, mas nunca mais mesmo, travaria debates sobre estes temas porque não preciso, porque quase dá briga e sinceramente, porque estou cansada.
As estatísticas abaixo, tirados do site do G1 (ou seja, mídia mainstream, nada muito esquerdopata para não colocarem minha credibilidade em risco), disse mais ou menos o seguinte a respeito dos casos de estupro no Rio de Janeiro, local onde atualmente resido e no país:
"O Estado do Rio de Janeiro teve uma média de 13 estupros por dia entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão ligado à Secretaria de Estado de Segurança do Rio, foram registrados 1.543 casos de estupro no estado nos primeiros quatro meses de 2016. Ainda não há dados referentes ao mês de maio.
Segundo os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 47.646 estupros no país em 2014. O número representa uma queda em relação ao registrado em 2013 (50.320) - mas, ainda assim, equivale a um caso a cada 11 minutos, em média, no país. Os números incluem também os estupros de vulnerável, crime cometido contra menores de 14 anos."
( a fonte da notícia é o Instituto da Segurança Pública, ou seja, eu não tiro minhas estatísticas do além como costuma acontecer por aí).
13 estupros por dia no Rio.
Um caso a cada 11 minutos no país.
E isso que este crime é subnotificado. Ou seja, se fomos considerar tudo, essas estatísticas seriam piores, mas né, vamos trabalhar com as fontes oficiais, que já são ruins o suficiente.
Mas opa, é só a gente "evitar lugares de risco, tomar cuidado e tudo dará certo.
A cada 11 minutos, uma mulher está sendo estuprada. A cada 11 minutos, uma pessoa está sendo vítima de uma violência.
A cada 11 minutos, uma vítima está sendo desacreditada, questionada e humilhada por estar no lugar errado, por usar a roupa errada, por não se dar o respeito, por ser vidaloka, por ousar viver.
E ousam me dizer que isso não é um problema meu.
Ousam me dizer que isso não é um problema nosso.
Amanhã essa mulher será eu. Essa mulher será você. Se não for, não foi porque você se deu o respeito ou fez tudo certo e conseguiu evitar o estupro. Foi porque você teve sorte. Pelo menos até agora.
Amanhã... amanhã não sabemos.
Segundo ele, vítima teve relação sexual com apenas um rapaz. Ele garante que ato foi consensual e diz que erro foi divulgar imagens.
G1.GLOBO.COM

33


33 homens estupraram uma garota de 16 anos. 33 homens, ao verem uma menina desacordada, se sentiram no direito de cometer um crime, arruinar sua alma, acabar com a sua vida.

33 homens se sentiram no direito de usar um corpo feminino como se fosse um objeto inanimado. 33 homens não pensaram que o que estavam fazendo era errado. 33 homens não impediram o estupro, pelo contrário, colaboraram para que ele ocorresse.

33 homens não protegeram uma menina. 33 homens não ligaram para a polícia. 33 homens riram de uma situação devastadora. 33 homens compartilharam o vídeo do crime.

33 homens praticaram uma violência.

Menos de 10 homens falaram sobre o assunto.
Menos de 10 homens se importaram.
0 homens foram presos.