domingo, 1 de novembro de 2015

Novelas Mexicanas, meu grande amor.


Sempre gostei de novelas mexicanas.

Sempre mesmo. Foi um amor a primeira vista. Comecei vendo alguma Maria no SBT e nunca mais parei.

Na adolescência, eu chegava a ver cinco novelas por dia. Se não me engano, eram duas na parte da tarde, uma infantil e mais as duas novelas noturnas. Vejam bem, eu tinha 14 anos e não era muito dada a vida social. De fato, eu tinha muito tempo sobrando.

Tenho uma explicação para a maior parte das coisas que aprecio. Sei que meu amor por filmes de action hero dos anos 90 decorre do fato da minha mãe me levar no cinema desde criança para ver estes filmes. Sei que meu amor por Bowie decorre das lembranças que tenho de dançar as músicas do filme Labirinto, que assisti pelo menos umas 40 vezes quando tinha cinco anos. Sei que amo o tom Hiddleston porque ele interpretou o Loki. Todos os meus gostos decorrem de boas memórias.

Exceto, claro, as novelas.

Comecei a ver novelas frequentemente em um período triste da minha vida. Isolada, sozinha, sem amigos, onde a minha vida havia se perdido. Assistia novelas para preencher um vazio. E quando este vazio deixou de ser, ainda assim, esse grande amor ficou comigo. E por quê?

Talvez pelo conteúdo.

Novelas mexicanas foi meu primeiro contato com o feminismo. Claro, não o feminismo teórico ou até coerente. Mas aos 10 anos, quando vi a Usurpadora, eu comecei a ver mulheres heroínas.

Mesmo nas novelas globais, o papel da mulher é passivo. A mulher sofre, sofre, supera o sofrimento e ao final atinge o casamento. Em novelas mexicanas, eu tive outra perspectiva. Sim, vi mulheres sofrendo. Vi mulheres chorando. E vi mulheres salvando homens, a si mesmas, suas amigas e suas famílias.

Foi ali que eu vi que eu podia ser mais. Não talvez naquele contexto, mas o mundo me reservava mais.

E hoje, em 2015, vejo novelas cada vez mais ousadas, com personagens mais estruturadas, combatendo a homofobia, o machismo e o sexismo sem reservas.

Não diria que novelas mexicanas moldaram meu caráter.

Mas que me ajudaram a ser mais... ah ajudaram.

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