segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O Não-Adeus a Blumenau


A primeira vez que eu efetivamente conheci sofrimento, foi quando deixei Blumenau.

Foi o primeiro de muitos sofrimentos, claro. O contexto da minha mudança foi horroroso e depois dessa, o sofrimento só foi maior. Mas até o momento de eu saber que minha vida estava irreversivelmente mudada, que eu me quebraria em pedaços e que nunca mais seria inteira, o primeiro sofrimento de verdade que vivi foi quando me mudei de Blumenau para Caxias do Sul.

Blumenau. A cidade em que fui feliz. O primeiro e talvez único lugar que fui querida, fui estimada, me senti parte de um todo. A cidade que me acolheu, que me deu oportunidades, que me fez atingir o máximo do meu potencial. A cidade em que conheci o significado da palavra amigos pela primeira vez. A cidade que até hoje me assombra e na qual eu ainda penso e choro quando penso no que minha vida poderia ter sido se eu tivesse tido a opção de continuar lá.

Deixei Blumenau correndo e sequer pude lhe dizer adeus. Deixei amigos que eu amava e de quem não pude me despedir. Deixei minha infância lá, minha ingenuidade e os meus sorrisos. Deixei meu coração lá. Minha felicidade lá.

Felicidade se tornou um luxo depois daquele dia em que eu entrei no carro, saí da cidade com a certeza (ainda que não soubesse dos eventos) que eu não voltaria mais para la.

Deixei Blumenau com 10 para 11 anos. Hoje, quase 18 anos depois, lágrimas escorrem enquanto eu me esforço para não deixar minhas lembranças se tornarem difusa. Lembro dos meus amigos, de ficar fazendo nada enquanto esperava minha mãe terminar suas aulas, de competir no xadrez, de participar dos concursos literários. Lembro de matar aula para ir no cinema, lembro do pastel de frango que eu comia no recreio, lembro da minha professora que abraçava os alunos, lembro de eu cantando mal no coro, lembro de brincar na cama-elástica.

Já tentei dizer adeus a Blumenau. Deixei de ir a cidade aos 17 anos, temendo que as viagens acabassem com a minha sanidade e me impedissem de buscar meu caminho. Mas não é possível. Blumenau possui recordações maravilhosas da minha história. 3 anos de vida que valem mais do que os outros 15 que se sucederam depois que eu saí de lá.

Sei que hoje a cidade está diferente. Sei que não vou reencontrar meu passado, Sei que a vida segue . Mas não consigo deixar essa vida para trás.

Ah Blumenau... meu coração segue sendo teu.
Sempre.

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