Continuando a postagem de uma das novelas que mais curti na vida, seguimos aqui com a análise dos personagens.
Alícia
Alícia, de longe, é a vilã mais chata da novela. Aliás, acho engraçado que a novela só seja composta por personagens vilãs; os vilãos são menos frequentes e bem mais sutis.
Mas voltando a Alícia, essa personagem não tem sentido. Todos os furos de roteiro a envolvem. Sua primeira motivação, era apenas magoar a irmã Candy. Alícia culpava a irmã pelo acidente que sofrera e que a impedia de dançar.
Depois, sua motivação era permanecer com o marido, que ela afirmava amar. Teria sido interessante se na reta final da novela ela simplesmente não tivesse ido embora com outro amante. No fim, a personagem era apenas inconstante.
Tramas que poderiam ter tornado a personagem minimamente interessante, como o fato de ser estéril, a sua tentativa de suicídio, foram jogadas e esquecidas na novela. Alícia era a vilã por vilania, sem senso e sem fundamento. Teve o final mais mal construído e lamentável. Foi a pior personagem trabalhada na novela.
Crianças e adolescentes
Nunca, jamais, nevermore uma novela na vida terá personagens infantis e jovens tão incríveis como esta novela.
Tivemos um grupo heterogêneo de crianças, brincando de todo o tipo de coisas. Crianças lidando de forma diferente com frustrações, crianças sendo manipuladas e crianças aceitando.
O elenco infantil dessa novela e a plot das crianças foi uma das coisas mais incríveis que vi.
Os adolescentes, idem. Tontas foi a primeira novela que eu vi tratar de AIDS na faixa dos 17 anos e como um jovem lida ao descobrir o diagnóstico. Todas as vezes que Charlie e Lucia apareciam, meu coração se aquecia.
A respeito destes dois, só lamento profundamente que o final de Lucia tenha sido tão pouco empoderador. Daria tudo para ela ter 18 anos e ter mandado o pai se ferrar enquanto ia para a Alemanha com o namorado, como ela gostaria. Achei fraco a novela simplesmente separar os dois porque seu pai não permitiu que ela viajasse. Santiago em toda a novela controla a adolescente e eu queria que o ato final dessa jovem fosse se rebelar e conquistar um objetivo.
Chairo e Eduardo
De longe o casal que eu mais odiei na novela.
Chairo é uma personagem tão desempoderada que o final dela me soou amargo. Ela passa o primeiro terço da novela sendo traída e sendo uma dona de casa resignada, que nem sabia quanto o marido ganhava. O segundo terço, ela começa a trabalhar, começa a questionar as traições do marido mas volta para ele depois de pouco tempo. E, no terceiro ato, quando pensamos que ela vai se libertar, se separar do marido e construir sua carreira, ela... volta com ele no último capítulo.
Eduardo é o típico homem machista que a novela combate, mas trata com condescendência. Ele é um babaca, é retratado como um babaca, mas a novela perde a mão quando ele, após chantagear a mulher para que ela largue a faculdade, a traia de novo e a acuse de sair com o professor, consegue recuperá-la na audiência do divórcio. Ele é escroto, odioso, machista e eu lamentei mesmo que a novela não ousasse. Lamentei. Vejo Chairo sendo traída, chantageada e tendo que lutar para ter um mínimo de autonomia.
Hortência
A coadjuvante que ganhou meu coração.
Hortência era uma personagem criada para preencher tempo de novela e ser um alívio cômico. Funcionou e foi além disso: foi a única personagem que eu efetivamente adorei e que lamentei não ter visto ser desenvolvida.
Hortência vive do amor platônico pelo seu chefe exatamente porque teme se relacionar com homens viáveis. Isso fica claro quando ela sai com um homem mais jovem, quer se relacionar com ele, mas fica com medo. Achei triste que essa trama não tenha sido retomada. O casal teria sido incrível, mas né, vamos encher o tempo de tela criando uma plot risível na qual um personagem sem sentido busca seu pai desaparecido. Affe.
Hortência somos nós amigos. Imperfeita, descarada, engraçada e acima de tudo, humana. Achei fantástico ela ter assumido uma responsabilidade que não era dela para garantir que o casal principal ficassem juntos. Achei a personagem tão bem construída que ansiei por mais tempo de tela. Gargalhava com ela e chorei com ela muitas vezes também. Sem dúvida a personagem que mais sentirei falta.
Os Compadres
Não precisavam existir. Vejam bem, amo Luis Manuel Ávila desde seu papel na La Fea mas Bella, mas por favor, esse papel dele nesta novela só serviu para encher linguiça. E este ator merece mais.
Lulu
Meu maior problema com esta novela.
Lulu é a gorda da novela. Inicialmente, seu peso era indiferente. Depois, ela virou a gorda que quer arrumar namorado. Depois, ameaçaram construir uma crítica com relação a gordofobia e depois tudo foi abandonado para "ai amiga, você sofre mas precisa emagrecer".
Lulu serviu para ser saco de pancadas de todo mundo. Foi enganada, iludida, ofendida e ainda foi culpabilizada por isso. O que me mata é que a Christina Pastor é linda, não está tão acima do peso e mesmo no mundo padrão da tv, ela poderia ser uma gorda pegadora. Mas ao menos uma coisa: por mais que a personagem parta meu coração, ela não é a Perséfone.
Os Casais da Terceira Idade
Outra coisa que essa novela fez de forma maravilhosa.
Quando falo em casais da terceira idade, falo em casais com 60 anos em média, pegando gente de 60 anos em média.
Quando falo em casais, falo de casais se pegando, discutindo o uso de viagra, de "brochar", e do direito que eles tem de se relacionar, mesmo com a discordância dos filhos adultos.
Também é nesse elenco que vemos uma ex-mulher estando numa boa com o fato do ex-marido estar se relacionando com a consogra. E todos morando na mesma casa, porque a vida não precisa ser feita de términos doloridos e abruptos.
Tem cena de beijo, tem cenas de sexo próprio para o horário, tem papos quentes, tem de tudo.
Enfim, amo tanto os casais quanto amo os adolescentes dessa novela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário